O AmazonFACE é como uma “máquina do tempo” que transporta a Amazônia para o futuro. O projeto simula os efeitos das mudanças do clima, aumentando os níveis de CO2, para prever como a floresta reagirá no futuro e sua capacidade de adaptação ao aquecimento global. A iniciativa é do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação do Brasil e foi apresentado aos representantes dos países do G20.
Viajar para o futuro no meio da Floresta Amazônica. Esta é a proposta do programa científico AmazonFACE, liderado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil (MCTI), que foi apresentado aos representantes dos países do G20, durante reunião técnica e encontro ministerial do Grupo de Trabalho de Pesquisa e Inovação, em Manaus, capital do Amazonas. Participantes de 27 países tiveram a oportunidade de conhecer de perto um experimento brasileiro de vanguarda que busca entender como a Amazônia reagirá às mudanças do clima.
Durante a visita ao local, a cerca de 80 quilômetros de Manaus, o grupo conheceu a infraestrutura do projeto, que envolve seis anéis metálicos de 30 metros de diâmetro, compostos por 16 torres de 35 metros cada. O objetivo do AmazonFACE é simular um aumento de 50% na concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, comparado aos níveis atuais, utilizando a tecnologia FACE (Free Air CO2 Enrichment). O projeto é único no mundo, sendo a primeira vez que a tecnologia de enriquecimento de CO2 será aplicada em uma floresta tropical. Os dados obtidos serão essenciais para prever como a Amazônia responderá às mudanças do clima e para guiar políticas globais sobre o tema.
Em meio a queimadas e crises do clima no mundo todo, a Floresta Amazônica segue sendo o centro dos debates internacionais durante o G20, como destacou a ministra brasileira de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos. “Estamos vivendo esse processo de queimadas, o que só reafirma que esse não é um assunto do futuro, mas do presente”, disse a ministra, frisando a necessidade de incluir a ciência e a tecnologia a serviço de diagnósticos e soluções para o clima. “A pesquisa pretende antecipar os efeitos do aumento de CO2 e suas consequências para o ecossistema da região, permitindo que decisões baseadas em evidências científicas sejam tomadas”, acrescentou.
Carlos Alberto Quesada, cientista brasileiro envolvido no projeto AmazonFACE, também destacou o papel da ciência para entender as mudanças do clima e suas implicações para a Amazônia. “A previsão é que a região fique mais quente e seca no futuro, o que pode transformar a floresta em savana”, explicou. Em relação ao G20, o cientista ressaltou que os países mais ricos, que são os maiores responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa, devem assumir um compromisso real para mudar o curso do futuro climático. “É extremamente importante que as maiores economias do mundo, reunidas no G20, discutam seriamente as mudanças do clima”, defendeu.
O objetivo do AmazonFACE é simular um aumento de 50% na concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, comparado aos níveis atuais, utilizando a tecnologia FACE (Free Air CO2 Enrichment). O projeto é único no mundo, sendo a primeira vez que a tecnologia de enriquecimento de CO2 será aplicada em uma floresta tropical. Os dados obtidos serão essenciais para prever como a Amazônia responderá às mudanças do clima e para guiar políticas globais sobre o tema.
Parcerias internacionais fortalecem o projeto
Desde 2021, o projeto AmazonFACE conta com o apoio financeiro do Reino Unido, por meio de seu Ministério das Relações Exteriores (FCDO), que já investiu cerca de 7,3 milhões de libras (equivalente a 53,29 milhões de reais). Durante a visita, Charlotte Watts, conselheira científica chefe do FCDO, destacou a cooperação científica entre os dois países: “A parceria Brasil-Reino Unido é excepcional. Estou maravilhada com o projeto. É inspirador ver como a ciência está sendo usada para entender o impacto do aumento de CO2 na floresta amazônica”, relatou.
Watts também reforçou a importância da comunidade internacional se unir para enfrentar as mudanças do clima. “Se não entendermos como as florestas se adaptam às mudanças, não poderemos definir as metas globais necessárias”, concluiu.
O projeto também conta com a participação de uma equipe internacional de cientistas, incluindo pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), além de colaboração com o Met Office do Reino Unido. O foco das pesquisas na Floresta Amazônica inclui o ciclo do carbono, da água e dos nutrientes, além de aspectos socioeconômicos, como os impactos para os moradores da floresta e a segurança alimentar.
A segunda fase do AmazonFACE, que se estenderá de 2025 a 2030, terá como base o Plano Científico lançado recentemente. O governo brasileiro está destinando 32 milhões de reais, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), para essa nova etapa. O programa, que começou em 2014, representa uma das mais ambiciosas iniciativas de pesquisa para entender o futuro da maior floresta tropical do mundo.
