Durante a COP30, em Belém, um dos temas que mais movimentam os debates entre chefes de Estado e investidores é o Tropical Forest Forever Facility (TFFF) — em português, Fundo Florestas Tropicais Para Sempre.
A iniciativa propõe um novo modelo de financiamento climático global, que combina recursos públicos e privados e recompensa países que preservam e recuperam suas florestas tropicais.
A lógica do TFFF é simples e revolucionária: países que comprovarem, por meio de imagens de satélite, níveis de desmatamento abaixo dos limites estabelecidos receberão repasses financeiros como recompensa pelos resultados alcançados.
Já na direção oposta, cada hectare desmatado ou degradado será descontado do valor a ser recebido.
A proposta reconhece que as florestas tropicais regulam o clima global, armazenam carbono, fornecem água doce e abrigam biodiversidade essencial à sobrevivência humana.
Por isso, o fundo parte do princípio de que os benefícios de uma floresta em pé ultrapassam fronteiras — e os países que a preservam devem ser compensados por proteger um patrimônio que serve a todo o planeta.
Investimentos bilionários e participação global
O TFFF foi anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023, durante a COP28 em Dubai, e agora ganha sua estrutura operacional definitiva na COP30 em Belém.
O Brasil realizou o primeiro aporte de US$ 1 bilhão durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em setembro. Desde então, o fundo já soma mais de US$ 5 bilhões com novas adesões: Noruega – US$ 3 bilhões; Indonésia – US$ 1 bilhão e França – US$ 500 milhões.
Além desses, Colômbia, Gana, República Democrática do Congo, Indonésia e Malásia estão entre os países florestais parceiros, e outros potenciais investidores incluem Alemanha, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido.
Protagonismo dos povos indígenas e comunidades tradicionais
Um dos diferenciais do TFFF é o reconhecimento do papel das populações indígenas e comunidades tradicionais na proteção das florestas.
O modelo prevê que pelo menos 20% dos pagamentos nacionais sejam destinados a essas populações, fortalecendo o protagonismo local e o vínculo entre conservação e justiça climática.
Meta ambiciosa: US$ 125 bilhões até 2030
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o objetivo é mobilizar US$ 4 bilhões por ano, o equivalente a até quatro vezes os orçamentos anuais de ministérios ambientais dos principais países florestais.
A meta é alcançar US$ 25 bilhões em aportes públicos e, com a entrada da iniciativa privada, ampliar o total para US$ 125 bilhões destinados à preservação das florestas tropicais.
O TFFF promete ter impacto transformador nas políticas nacionais de conservação, ao estabelecer uma economia verde baseada em resultados mensuráveis e recompensas sustentáveis — um modelo que se alinha aos princípios ESG e pode redefinir o papel da Amazônia e de outras florestas tropicais na nova economia global.
Texto: Agência Brasil
