A Amazônia Legal transacionou 6,57 milhões de metros cúbicos de madeira nativa em tora em 2024, segundo o Anuário Timberflow, estudo elaborado pelo Instituto de Manejo e Certificação Agrícola e Florestal (Imaflora). O levantamento analisa as transações comerciais de madeira nativa em toda a região amazônica.
Os números de 2024 representam uma leve diminuição de 0,32% em relação ao ano anterior, indicando estabilização do mercado madeireiro após a queda observada em 2023. Desde 2017, a plataforma Timberflow organiza e harmoniza dados oficiais, permitindo análises comparáveis por Estado, município, espécies e produtos.
No mapa da produção, o Pará mantém a liderança entre os Estados da Amazônia Legal, com 2,6 milhões de m³ de madeira comercializada, o equivalente a 40% do total regional.
Em seguida aparecem Mato Grosso (1,6 milhão de m³), Rondônia e Amazonas. Já Amapá e Acre registraram aumentos expressivos, com crescimento de 62,82% e 63,81%, respectivamente.
Os municípios de Portel (483 mil m³) e Prainha (309 mil m³), ambos no Pará, estão no topo do ranking nacional. Esses polos funcionam como nós logísticos e regulatórios importantes para o planejamento da infraestrutura e da fiscalização do setor.
Produtos e destinos da madeira
A madeira serrada é o principal produto manufaturado da região, com 2,47 milhões de m³ comercializados. No mercado interno, o Estado de São Paulo é o maior destino (352 mil m³), enquanto nas exportações o total foi de 203 mil m³, tendo os Estados Unidos como principal destino internacional.
Segundo Leonardo Sobral, diretor de Florestas e Restauração do Imaflora, o Anuário Timberflow é um marco para o setor florestal:
“O estudo reúne dados completos sobre a produção de madeira na Amazônia, fundamentais para definir estratégias de curto, médio e longo prazos. Observa-se uma concentração das transações em três Estados da Amazônia Legal — Pará, Mato Grosso e Rondônia — o que reflete um maior número de negócios com madeira da região.”
Concessões Florestais Federais
O volume de madeira transacionado nas Concessões Florestais Federais (CFFs) atingiu 379 mil m³ em 2024, sendo 79% provenientes do Pará. Entre as florestas nacionais (Flonas), o estudo aponta variações em Saracá-Taquera (–10,38%), Altamira (+3,59%), Caxiuanã (+9,29%) e Crepori (–39,18%).
Em Rondônia, as Flonas Jamari (+15,04%) e Jacundá (+20,98%) apresentaram crescimento significativo.
As espécies mais comercializadas foram maçaranduba, angelim, cupiúba e cumaru, que juntas somam quase 25% do volume total. O Imaflora destaca que essa concentração indica a necessidade de diversificação produtiva e criação de novos nichos de mercado.
Planejamento setorial e sustentabilidade
O coordenador de Florestas e Restauração do Imaflora, Felipe Pires, reforça que os dados do Anuário servem para orientar políticas públicas e estratégias empresariais:
“As informações ajudam o setor público e o privado a planejar de forma mais eficiente, diminuindo pressões sobre a floresta e incentivando a modernização da indústria madeireira. É possível agregar valor, aumentar a renda e ampliar a inclusão social, promovendo o uso sustentável dos recursos naturais.”
Com atuação desde 1995, o Imaflora é referência na promoção do uso sustentável e inclusivo dos recursos naturais, conciliando conservação ambiental, desenvolvimento econômico e enfrentamento da crise climática.
O instituto também articula cadeias florestais e agropecuárias responsáveis, comprometidas com a sociobiodiversidade e com a geração de impacto positivo real para as populações que vivem da floresta.
Fonte: Anuário Timberflow / Imaflora
